Quem
brilhou na convenção do PSL que lançou Jair Bosonaro para a presidência da
República não foi o candidato, chamado de “O Mito” por seus fanáticos
seguidores, mas a advogada e professora de Direito do Largo de São Francisco
Janaína Paschoal.
Convidada
para compor a chapa de Bolsonaro na condição de vice, ela nem disse sim, nem
não. Os que esperavam que ela exaltasse o candidato e suas propostas absurdas e
radicais ouviram de Janaina o discurso de direita mais bem elaborado por estas
bandas até aqui.
Como
fez questão de observar logo de início, Janaína não estava ali atrás de cargos
nem de aplausos. Pediu para que a escutassem em silêncio. Em seguida, sem
concessões ao desvario, apresentou seu ideário para a conquista e manutenção do
poder.
Acusou
o PT de ser um partido totalitário, avesso às divergências, interessado em
dominar pelas mentiras. Para logo advertir que ele não poderia ser combatido
por outro que compartilhasse desses mesmos valores. Ensinou:
–
Se construirmos um quadradinho e quisermos que todos estejam dentro dele,
estaremos limitando a possibilidade de vitória e a possibilidade de governar.
Não é hora de olhar com lupa e selecionar: ‘quem concorda com a gente, venha.
Quem não concorda, saia.’ Isso não existe numa República e numa democracia.
Bateu
duro na corrupção. Disse que a impunidade é o maior estímulo ao crime. Mas na
contramão do que prega Bolsonaro, advertiu que “a prisão” deve ser “a última
arma a ser usada pelo Estado. Vez por outra perguntava ao público numa
tentativa de se aproximar dele: “Estão me entendendo? ”
Diante
de uma plateia marcada pela intolerância, ensinou a ser tolerante. “Não podemos
cair na armadilha de cisão”, disse. “Porque as pessoas podem discordar da gente
e serem honestas, e serem corretas e desejarem trabalhar”. E mais: “Não somos
donos da verdade. Não julguem seus irmãos”.
Como
ela mesma afirmou para que não restassem dúvidas, dirigia-se “à Nação”, não aos
que a ouviam tão de perto. E por ser assim, o que a seduzia não era “um projeto
de poder, mas um projeto de país”. Fortemente aplaudida antes de falar, foi
moderadamente aplaudida quando se despediu.
Se
os partidos contassem com caçadores de talentos como acontece no mundo do
futebol, a essa altura Janaina estaria sendo assediada por muitos deles. Se não
para disputar as eleições de outubro, mas seguramente as próximas. (VEJA)
Segunda-feira,
23 de julho, 2018 ás 11:00
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