Rose-Presidente regional e Ronaldo Caiado |
O espaço político ainda é um ambiente dominado
por homens. Maioria na população, as mulheres configuram uma parcela pequena no
Congresso Nacional, ocupando apenas 54 das 513 cadeiras da Câmara e 13 das 81
vagas no Senado. Mesmo nos lugares que se propõem a garantir maior espaço para
elas, a sub-representatividade continua sendo uma realidade, como no caso do
Partido da Mulher Brasileira (PMB).
Criado
em 2008, o PMB obteve registro definitivo pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) em 2015. Conforme afirmou a presidente do Supremo Tribunal Federal,
ministra Carmem Lúcia, na época do registro o partido não tinha nenhuma mulher
na direção. A alegação foi dada em junho, durante o 2º Congresso de Direito
Eleitoral de Brasília, e foi rebatida por meio de nota emitida pela fundadora e
presidente nacional da sigla, Suêd Haidar. “O partido que segundo ela, não tem
mulher, não só foi fundado por uma, como também contava à época do registro com
maioria de mulheres em seu estatuto”, está escrito no comunicado.
Socorro Pires- Presidente PMB -Águas Lindas |
Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, o PMB é líder no número de filiações femininas,
54,95% dos filiados são mulheres. Segundo a presidente regional do partido em
Goiás, Rose Guimarães, cerca de 70% das lideranças municipais da sigla também
são mulheres. “São 35 partidos e a maioria é representada pela figura
masculina”, diz. “Uma mulher na liderança, tomando decisões, é uma forma de
representar na luta”, complementa.
Apesar
disso, as candidaturas de fato emplacadas seguem na contramão dessa tendência.
No início de sua história, a legenda chegou a contar com 20 deputados federais,
dos quais apenas dois eram mulheres. Essa marca foi registrada cerca de dois
meses depois da aprovação do registro no TSE. No momento, o PMB não conta com
deputados federais. Os parlamentares estaduais, no entanto, segundo constam na
plataforma online do partido, somam três representantes femininas e um
masculino: Maria Betrose Fontenele Araújo (CE), Luciana Gurgel (AP), Raimunda
Macedo (AP) e Odilon Aguiar (CE). Já quanto aos vereadores, o número torna-se
discrepante. Em Goiás, nas eleições de 2016, dos dez vereadores eleitos pela
sigla, dois eram mulheres.
De
acordo com Rose Guimarães, enquanto o mandato não chega, o trabalho é focado
no diálogo com a sociedade. “Fazer um levantamento sobre as reais necessidades
e o que as mulheres estão precisando”, explica. “Somos um partido criado por
mulheres e que tem uma plataforma focada nas demandas delas. ” A presidente
pediu para não divulgar o número de pré-candidatos, mas confirmou a existência
de possíveis concorrentes a deputada estadual pela legenda em Goiás nas
próximas eleições.
A que veio?
No
portal da sigla, constam enumerados os seguintes objetivos: “O PMB busca o
reconhecimento, a consolidação e a valorização da mulher, sem a exclusão
masculina no cenário de um mundo globalizado que pressupõe a igualdade dos
direitos”. Rose Guimarães reitera que o partido livre para a participação
masculina. “Estamos abertos para homens, desde que respeitem e lutem também
pelos nossos direitos”, esclarece.
O
PMB se apresenta como de centro-esquerda e dispõe como eixos de luta “a
valorização social, moral, profissional e política da mulher”. A presidente
nacional, todavia, declara que não se trata de uma sigla feminista. Pautas
caras ao movimento, como a discussão do aborto, são recorrentemente rejeitadas
em detrimento do discurso conservador. “A demanda da mulher é a família”,
afirma Rose.
Em
contrapartida, a líder regional coloca outros pontos em evidência: “Queremos
igualdade salarial e social. A mulher negra e de classe social baixa é muito
discriminada. Queremos resgatar a autoestima da mulher e buscar equiparação
social”. Essa bandeira é, inclusive, vislumbrada por Suêd Haidar na
apresentação de fundação do partido: “mulher, negra, mãe e brasileira”. Sobre
identificação ideológica, ela já declarou que é liberal na economia e
conservadora nos valores da sociedade.
No
início do ano, o PMB oficializou seu apoio a candidatura do senador Ronaldo
Caiado (DEM) ao governo de Goiás, o que resultou em críticas. Na época, a
vereadora de Goiânia Sabrina Garcez, então filiada ao partido, alegou que
estava insatisfeita com as ações da legenda. Entre os motivos, estava o fato de
que o democrata nunca sinalizou o intuito de comprar a luta pelos direitos das
mulheres. A vereadora foi expulsa de seus quadros pelo diretório nacional por
“não fechar” com os ideais do partido.
(Com
Jornal Opção)
Segunda-feira,
16 de julho, 2018 ás 12:00
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