Rivais
na disputa pelo Planalto, Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) provocaram na
quarta-feira (4/7) reações antagônicas em uma plateia formada por empresários
que se reuniram em Brasília para ouvir as propostas dos pré-candidatos à
sucessão de Michel Temer.
Com
um discurso superficial, sem detalhar propostas ou aprofundar pensamentos sobre
sua possível política econômica, Bolsonaro adotou uma postura mais palatável ao
empresariado e foi aplaudido por pelo menos dez vezes durante sua exposição em
evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Já
Ciro Gomes foi vaiado justamente por defender um tema caro aos empregadores: a
revisão da reforma trabalhista aprovada pelo Congresso no ano passado.
O
ex-governador do Ceará afirmou não ter poder para revogá-la, mas disse que vai
retomar a discussão caso seja eleito em outubro. “Meu compromisso com as
centrais sindicais é botar esta bola de volta para o meio de campo.”
A
explanação do pedetista causou mal-estar na plateia, que o vaiou na mesma hora.
Reativo como costuma ser, Ciro respondeu: “Pois é, vai ser assim mesmo. Se
quiserem presidente fraco, escolham um desses aí que vêm com conversa fiada
para vocês.”
“Confiança
não é simpatia. Confiança é não mentir”, completou o pré-candidato do PDT. Ao
final do encontro, Ciro pediu desculpas por qualquer “veemência”, mas afirmou
não ter se sentido agredido com as vaias. E ponderou que também foi aplaudido
pela audiência.
No
âmbito político, Ciro disse que parte do Congresso é vista como corrupta e
atacou Temer ao afirmar que “há um quadrilheiro na Presidência”.
Para
Bolsonaro, o país ficará “ingovernável” com “este Supremo”. “A gente precisa de
um presidente que evite que o nosso Supremo Tribunal Federal continue
legislando, bem como o Conselho Nacional de Justiça legisla também”, afirmou.
O
presidenciável do PSL disse ainda que militares comandarão alguns dos 15
ministérios que pretende ter, caso seja eleito em outubro.
“Vou
botar alguns generais nos ministérios caso eu chegue lá. Qual o problema? Os
[presidentes] anteriores botavam terroristas e corruptos e ninguém falava
nada.”
Mesmo
diante de empresários, Bolsonaro admitiu que não entende de economia. “Quando
falei que não entendia de economia, entendi que a grande mídia fosse levar para
o lado da humildade.”
Em
diversos momentos, disse frases como “não quero falar aquilo que não domino com
grande propriedade”, “tenho muito mais a aprender do que a ensinar” ou afirmou
que quem deveria responder algumas questões era o economista Paulo Guedes, que
presta consultoria para sua pré-campanha.
Ressaltando
que “ninguém quer o mal do meio ambiente”, propôs fundir os Ministérios da
Agricultura e do Meio Ambiente e disse que o país está “inviabilizado” por
questões ambientais, indígenas e quilombolas.
Ainda
jogando para a plateia, Bolsonaro fez afirmações como “jamais quero ser patrão
no Brasil com esta legislação”, “sem patrão não há empregado” e “os senhores
são os nossos patrões”.
Sem
dar nenhum tipo de detalhe sobre a proposta, falou em manter a inflação baixa e
a taxa de juros e em ter um dólar “que não atrapalhe” sem aumentar impostos.
Também
buscou -com sucesso- aplausos e risos ao fazer críticas em cima de questões
sociais, como quando disse que “nada contra quem é feliz com seu parceiro
semelhante. Vá ser feliz. Quem sabe amanhã eu seja também?”
Bolsonaro
lidera a corrida presidencial em cenários sem o ex-presidente Lula, segundo
pesquisa Datafolha divulgada em junho. Ciro apareceu em terceiro lugar, atrás
também de Marina Silva (Rede).
No
evento, Henrique Meirelles (MDB) testou sua nova estratégia de campanha e fez
um discurso em que citou o governo Lula como sua experiência de sucesso,
dizendo que vai mostrar que foi ele quem conduziu a política econômica na boa
fase da gestão petista. “A lembrança daquela época é a de que 60 milhões de
pessoas entraram na classe média, porque o país cresceu”, disse Meirelles.
Meirelles
comandou o Banco Central no governo Lula e, na gestão Temer, de maio de 2016 a
abril deste ano, foi ministro da Fazenda.
O
ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) buscou no presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, defendendo uma política de redução de tributos.
“Trump
reduziu o imposto corporativo. Temos de estimular novos investimentos”, disse.
Álvaro
Dias (Podemos) defendeu uma mudança no modelo de escolha dos ministros de
tribunais superiores. (DP)
Quinta-feira,
05 de julho, 2018 ás 10:00
Nenhum comentário:
Postar um comentário