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25 de julho de 2018

Sem líderes notáveis, oposição bate cabeça na busca por candidatos ao GDF

Nunca houve uma eleição no Distrito Federal como a que se avizinha. Quando as chapas forem formalizadas na Justiça eleitoral, aqueles que hoje discutem alianças estarão em lados opostos. Sem as lideranças clássicas da capital, como José Roberto Arruda, Joaquim Roriz, Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli, com possibilidade de concorrer contra o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o cenário político ficou complicado depois que o único nome com projeção eleitoral da campanha — Jofran Frejat (PR) — desistiu. Outros políticos com expressão, como os senadores Cristovam Buarque (PPS/DF) e José Antônio Reguffe (Sem partido/DF), não são candidatos ao GDF. Assim, existe um vácuo no comando.

A saída do então líder nas pesquisas de intenção de votos deu a largada a uma corrida por nomes com fôlego para crescer na campanha. Um dos potenciais concorrentes, o deputado Rogério Rosso (PSD/DF), que governou o DF, também anunciou ontem que está fora do páreo. Os nomes que restaram na oposição ao atual governo estão longe de atingir a popularidade de Frejat, considerado o favorito.

Além disso, a desistência do médico abriu uma guerra nos bastidores. Aliados dos ex-governadores Arruda e Roriz, vários políticos travam um embate, até com baixarias, nos bastidores. Desestimulam candidaturas na base da pressão e da ameaça. Como disse Frejat, há muitos diabos na atual campanha. Embora os nomes sejam preservados, os grupos sabem quem são os adversários reais. Esse contexto atrapalha as alianças e dificulta uniões.

A campanha está paralisada desde que o ex-secretário de Saúde disse, há quase duas semanas, que poderia desistir. Na manhã de ontem, assim que ele bateu o martelo em conversa com o dirigente nacional do PR, Valdemar Costa Neto, começaram as reuniões dos diversos grupos para o Plano B. Eles vinham se encontrando, mas ainda havia um fio de esperança de que, com a autonomia oferecida por Valdemar para a montagem da chapa, Frejat voltasse atrás.

Ele não será candidato justamente por causa do jogo sujo dos bastidores. Não revela detalhes, mas todos acreditam que seja pelas dificuldades que teria para comandar a própria campanha e o governo, caso se elegesse, sem influências nefastas. “Frejat sabia que não poderia governar com o grupo que o apoiava sem manchar a biografia”, acredita Rollemberg. Os dois chegaram a conversar sobre esse assunto.

Tentativa de união

O grupo de Frejat e de Rosso, também integrado pelo senador Cristovam Buarque, passou o dia ontem em reuniões para buscar uma união. Rosso alegou motivos pessoais e familiares, como a idade avançada dos pais, para justificar a decisão de não concorrer ao Buriti. “Estou trabalhando para a convergência do nosso grupo e para aglutinar outros partidos. Esse sempre foi o meu pensamento”, disse ao Correio.

Cristovam, que havia lançado Rosso para a corrida ao GDF, pensa em voltar atrás e trabalhar pela candidatura de Izalci Lucas (PSDB). A chapa seria encabeçada pelo tucano, tendo o ex-governador e o parlamentar do PPS como candidatos ao Senado e o vice, uma indicação do PRB. Os nomes cotados são o do presidente regional, Wanderley Tavares, e o do irmão dele, o pastor Egmar Tavares. “Sempre mantive a minha disposição de concorrer ao governo. As coisas estão caminhando para isso”, confirmou Izalci.

Em outra chapa de centro-direita, a ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros) é candidata, tendo o ex-deputado Alírio Neto (PTB) como vice e o apoio da família Roriz. A dupla foi sacramentada na convenção do partido no fim de semana. Falta, no entanto, escolher os concorrentes ao Senado. Eliana nunca disputou cargos majoritários, assim como Alírio. Em 2014, concorreram a mandatos de deputados federais, mas não se elegeram. Têm agora o desafio de se apresentar como uma alternativa viável para atrair siglas que integravam o grupo de Frejat. Um dos possíveis nomes para compor essa aliança é o do deputado Alberto Fraga (DEM/DF), pré-candidato ao Senado.

Exigências de lideranças

Entre os herdeiros do espólio de Frejat, também vai surgir uma chapa. Integrado por partidos com tempo de televisão e recursos públicos de campanha, como o MDB e o PP, o grupo analisa possibilidades, como apoiar Fraga ou Izalci. Também há uma via que defende lançar o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF) Ibaneis Rocha como candidato ao governo.

A indefinição afugenta alguns aliados. Com a saída de Frejat, o PHS reabriu a roda de negociações com outras frentes. “Não dá para fechar acordo com o grupo de forma imediata sem a certeza do nome que testará as urnas. Voltaremos a conversar com todos e levaremos as opções aos nossos filiados”, pontuou o presidente regional da sigla, Cristian Viana.

As contas para eleger deputados federais também complicam o quadro. Os representantes de partidos analisam os potenciais de votos dos candidatos à Câmara dos Deputados em relação ao coeficiente eleitoral. Concorrentes com muitos eleitores assustam os possíveis aliados, porque têm mais chances de chegar na frente. De olho na condição, Solidariedade e Podemos aguardam o alinhamento das coalizões de centro-direita para decidir em que lado ficarão. “Temos duas exigências: um palanque eleitoral para o presidenciável Álvaro Dias e condições igualitárias entre os partidos para a eleição das proporcionais”, frisou o comandante regional do Podemos, Marcos Pacco, que negocia com o governador e a coligação de Rosso. (Correio Brasiliense)


Quarta-feira, 25 de julho, 2018 ás 00:05

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