Nunca
houve uma eleição no Distrito Federal como a que se avizinha. Quando as chapas
forem formalizadas na Justiça eleitoral, aqueles que hoje discutem alianças
estarão em lados opostos. Sem as lideranças clássicas da capital, como José
Roberto Arruda, Joaquim Roriz, Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli, com
possibilidade de concorrer contra o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o
cenário político ficou complicado depois que o único nome com projeção
eleitoral da campanha — Jofran Frejat (PR) — desistiu. Outros políticos com
expressão, como os senadores Cristovam Buarque (PPS/DF) e José Antônio Reguffe
(Sem partido/DF), não são candidatos ao GDF. Assim, existe um vácuo no comando.
A
saída do então líder nas pesquisas de intenção de votos deu a largada a uma
corrida por nomes com fôlego para crescer na campanha. Um dos potenciais
concorrentes, o deputado Rogério Rosso (PSD/DF), que governou o DF, também
anunciou ontem que está fora do páreo. Os nomes que restaram na oposição ao
atual governo estão longe de atingir a popularidade de Frejat, considerado o
favorito.
Além
disso, a desistência do médico abriu uma guerra nos bastidores. Aliados dos
ex-governadores Arruda e Roriz, vários políticos travam um embate, até com
baixarias, nos bastidores. Desestimulam candidaturas na base da pressão e da
ameaça. Como disse Frejat, há muitos diabos na atual campanha. Embora os nomes
sejam preservados, os grupos sabem quem são os adversários reais. Esse contexto
atrapalha as alianças e dificulta uniões.
A
campanha está paralisada desde que o ex-secretário de Saúde disse, há quase
duas semanas, que poderia desistir. Na manhã de ontem, assim que ele bateu o
martelo em conversa com o dirigente nacional do PR, Valdemar Costa Neto,
começaram as reuniões dos diversos grupos para o Plano B. Eles vinham se
encontrando, mas ainda havia um fio de esperança de que, com a autonomia
oferecida por Valdemar para a montagem da chapa, Frejat voltasse atrás.
Ele
não será candidato justamente por causa do jogo sujo dos bastidores. Não revela
detalhes, mas todos acreditam que seja pelas dificuldades que teria para
comandar a própria campanha e o governo, caso se elegesse, sem influências
nefastas. “Frejat sabia que não poderia governar com o grupo que o apoiava sem
manchar a biografia”, acredita Rollemberg. Os dois chegaram a conversar sobre
esse assunto.
Tentativa de união
O
grupo de Frejat e de Rosso, também integrado pelo senador Cristovam Buarque,
passou o dia ontem em reuniões para buscar uma união. Rosso alegou motivos
pessoais e familiares, como a idade avançada dos pais, para justificar a
decisão de não concorrer ao Buriti. “Estou trabalhando para a convergência do
nosso grupo e para aglutinar outros partidos. Esse sempre foi o meu
pensamento”, disse ao Correio.
Cristovam,
que havia lançado Rosso para a corrida ao GDF, pensa em voltar atrás e
trabalhar pela candidatura de Izalci Lucas (PSDB). A chapa seria encabeçada
pelo tucano, tendo o ex-governador e o parlamentar do PPS como candidatos ao
Senado e o vice, uma indicação do PRB. Os nomes cotados são o do presidente
regional, Wanderley Tavares, e o do irmão dele, o pastor Egmar Tavares. “Sempre
mantive a minha disposição de concorrer ao governo. As coisas estão caminhando
para isso”, confirmou Izalci.
Em
outra chapa de centro-direita, a ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros) é
candidata, tendo o ex-deputado Alírio Neto (PTB) como vice e o apoio da família
Roriz. A dupla foi sacramentada na convenção do partido no fim de semana.
Falta, no entanto, escolher os concorrentes ao Senado. Eliana nunca disputou
cargos majoritários, assim como Alírio. Em 2014, concorreram a mandatos de
deputados federais, mas não se elegeram. Têm agora o desafio de se apresentar
como uma alternativa viável para atrair siglas que integravam o grupo de
Frejat. Um dos possíveis nomes para compor essa aliança é o do deputado Alberto
Fraga (DEM/DF), pré-candidato ao Senado.
Exigências de lideranças
Entre
os herdeiros do espólio de Frejat, também vai surgir uma chapa. Integrado por
partidos com tempo de televisão e recursos públicos de campanha, como o MDB e o
PP, o grupo analisa possibilidades, como apoiar Fraga ou Izalci. Também há uma
via que defende lançar o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF
(OAB/DF) Ibaneis Rocha como candidato ao governo.
A
indefinição afugenta alguns aliados. Com a saída de Frejat, o PHS reabriu a roda
de negociações com outras frentes. “Não dá para fechar acordo com o grupo de
forma imediata sem a certeza do nome que testará as urnas. Voltaremos a
conversar com todos e levaremos as opções aos nossos filiados”, pontuou o
presidente regional da sigla, Cristian Viana.
As
contas para eleger deputados federais também complicam o quadro. Os
representantes de partidos analisam os potenciais de votos dos candidatos à
Câmara dos Deputados em relação ao coeficiente eleitoral. Concorrentes com
muitos eleitores assustam os possíveis aliados, porque têm mais chances de
chegar na frente. De olho na condição, Solidariedade e Podemos aguardam o
alinhamento das coalizões de centro-direita para decidir em que lado ficarão.
“Temos duas exigências: um palanque eleitoral para o presidenciável Álvaro Dias
e condições igualitárias entre os partidos para a eleição das proporcionais”,
frisou o comandante regional do Podemos, Marcos Pacco, que negocia com o
governador e a coligação de Rosso. (Correio Brasiliense)
Quarta-feira,
25 de julho, 2018 ás 00:05
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